Adega da Semana | Adega Cooperativa Santo Isidro de Pegões

Conheça a Adega Cooperativa Santo Isidro de Pegões através desta entrevista ao enólogo, o Eng. Jaime Quendera.

 

Como foi a evolução da Adega de Pegões desde os primeiros tempos de funcionamento até aos dias de hoje?

A Adega de Pegões nasceu e deu os primeiros passos num conjunto de terras doadas por um grande industrial da cerveja chamado José Rovisco Pais que, deixou a suas herdades em Pegões aos Hospitais Civis de Lisboa. Foi nessas herdades que se testou um dos maiores projetos de colonização interna do país e, parte desse projeto, foi a construção da Adega de Santo Isidro de Pegões – Santo Isidro é o padroeiro da agricultura. Foi uma empresa pública até 1974. A partir daí teve um momento de grande decréscimo e desnorte até que na década de 90 começou a levantar-se, tornando-se hoje uma empresa de topo no ramo da vinicultura. A contínua aposta na tecnologia e na diferenciação aliadas ao facto essencial de termos uma massa vínica de alta qualidade são elementos que nos fizeram crescer. Por muito melhor enólogo que fosse, sem uvas de qualidade não conseguiria produzir vinhos de topo.

O facto de serem uma adega cooperativa e de concorrerem com outros produtores que não são é um aspeto positivo ou negativo?

Durante muito tempo, o vinho de cooperativa sempre teve uma imagem menos boa – as pessoas não confiavam no produto, afirmavam que era um vinho de qualidade muito incerta (uns anos bons, outros maus). Hoje em dia tudo mudou, especialmente na Adega de Pegões. Com o passar do tempo, a qualidade segura do nosso vinho fez com que os consumidores passassem a conhecer a marca Pegões, passaram a saber que produzimos bom vinho e que o vendemos a um bom preço. Confiam-na marca e na imagem sólida que se formou e por isso, o facto de sermos uma cooperativa já não causa grandes problemas. É uma empresa muito profissional, bem gerida e competimos em 40 países pelo mundo fora. Neste momento não nos sentimos, de maneira nenhuma, prejudicados por sermos um vinho de cooperativa.

Como se é implementada a política de internacionalização da Adega de Pegões?

Nós olhamos para a internacionalização como um dos nossos garantes de futuro. Se olharmos para o mercado interno conseguimos ver que, apesar de ser grande, nunca terá mais expansão do que já tem – alias, está a decrescer, não se consome vinho hoje como se consumia há 10 ou quinze anos. Por causa desta realidade, para alargarmos os nossos horizontes e continuarmos na senda dos excelentes resultados, temos de apostar forte no mercado externo. Essa aposta começou em 2000 e a prova de que tem tido resultados mais que positivos são os números: hoje exportamos 30% da nossa produção total, o que corresponde a quatro milhões de garrafas de um total de doze milhões de garrafas, o que são valores muito significativos. Apesar de tudo isto não sonharmos sequer deixar o mercado nacional. Somos portugueses e apostamos forte no nosso país.

Em que países já é possível comprar o vosso vinho?

Chegamos aos quatro cantos do mundo. Estamos em toda a Europa, continente onde podemos destacar países como a Inglaterra, a Alemanha, Ucrânia ou Polónia, por exemplo. Estamos presentes também na América do Norte (Canadá e EUA), no continente africano também, onde marcamos presença em todos os países da comunidade dos PALOP’s. Brasil, China, Filipinas, Japão ou Coreia são outros exemplos de grandes consumidores do vinho de Pegões.

De todos esse, qual é oque representa o maior volume de negócios?

Inglaterra, sem dúvida. O mercado inglês é, de todos os países onde marcamos presença, onde estamos com mais força. Curiosamente esse é o mercado onde é mais difícil prosperar, o que prova o quão competitivos somos e o quanto é relevante a qualidade dos nossos produtos, A seguir vem o Canada, China, Alemanha.

Como é que caracteriza o público-alvo dos vossos vinhos?

O nosso público-alvo é todo e qualquer amante de bom vinho a um preço justo por garrafa. É isso que faz o nosso sucesso. Especificando um pouco, podemos caracterizar o nosso consumidor como sendo de classe média, que consome vinho com muita regularidade e, mais importante, que goste de ter um bom vinho a um bom preço.

A Adega de Pegões tem arrecadado sucessivos prémios de qualidade ao longo dos anos. Qual é o segredo para tanto sucesso?

Premios adega pegoes

Uma pequena mostra dos prémios alcançados em 2017 pela Adega Cooperativa de Santo Isidro se Pegões

Para mim é a qualidade das nossas uvas e da região no geral. A qualidade sempre existiu, mas agora a Adega de Pegões consegue também demonstrar que ela existe através do impacto que temos tido no mercado global. Fazemos vinhos de topo com recurso a excelente tecnologia e com recurso às mais avançadas técnicas que existem. Acho que as uvas e a região juntamente com a tecnologia da adega são os fatores mais importantes que justificam o porquê de tantos prémios e vitórias sucessivas.

 

 

Nos últimos anos a economia do país tem passado por períodos algo complicados. Têm sentido os reflexos disso? Se sim, como é que os têm tentado minimizar?

Nós, curiosamente, tivemos anos de grande crescimento durante as fases piores da crise. Como é que crescemos quando estava quase tudo a cair? Talvez porque em altura da crise, começa-se a pensar mais em utilizar bem o dinheiro, a não o gastar erradamente. Os portugueses passaram a preocupar-se mais em fazerem uma compra inteligente, onde a qualidade e o preço justo são inegáveis, e por isso passaram a escolher a marca Pegões. A crise fez com que as pessoas se voltassem para os vinhos mais seguros e aí crescemos. Só não crescemos mais porque esgotamos o produto. Em 2014 tivemos quatro meses sem vinho branco, se isso não tivesse acontecido, seguramente teríamos vendido mais ainda.

 Qual é o tamanho real do universo Adega de Pegões?

Nós somos a adega dos pais com maior área por associado (que são cerca de 97). Ao todo contamos com mais de 1100 hectares de vinha mas o número de associados mantem se o mesmo desde há 15 anos. Apesar disso, todos os anos a produção tem aumentado, o que significa que os nossos associados têm plantado mais vinha e que ela tem crescido, assim como também as têm reconvertido intensamente. Aqui a agricultura não é uma atividade arcaica mas sim uma área modernizada e atual, uma indústria em todo o sentido da palavra. Os nossos agricultores também são dos mais profissionais, sabem o que fazem e isso, naturalmente, faz com que a Adega cresça e os próprio produtores também. O futuro, aqui, é garantido. Temos massa crítica dinâmica, ativa e muito bem apetrechada técnica e materialmente.

Que novidades estão reservadas para o futuro próximo da Adega?

Neste momento estamos no meio de um grande projeto de investimento que visa aumentar a capacidade de produção, armazenagem e expedição do nosso vinho em cerca de 50%. Para dar um salto e continuarmos a manter sempre acesa a ambição de nos tornarmos a melhor adega do país temos essa necessidade. A nossa capacidade de produção já não é suficiente para o mercado que temos e que queremos ter.

 

fonte: Adega Cooperativa Santo Isidro de Pegões

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